3 de jul. de 2012

MENARCA: blood ale

E eis que vos trago boas novas!

A infância da GYPSYbreja passou e agora nossa ideia é fértil. Não madura, mas fértil.

Vos escrevo para falar da MENARCA, nossa primeira cerveja, um símbolo e ritual de passagem, demonstrativo de nosso amadurecimento, nosso primeiro passo em direção à maturidade. Ela ainda está no fermentador e todo o processo de feitura fluiu harmoniosamente, mas não sem sustos.

Menarca é o nome dado ao primeiro período menstrual de uma garota, e nada mais apropriado do que uma cerveja vermelha para isso. A escolha do nome se deu pela sua representatividade: além de símbolo de amadurecimento, também símbolo de grande apreensão. Em conversa com algumas amigas, a impressão que tive a respeito da experiência da primeira menstruação oscilou entre estupefação, satisfação e apreensão. Afinal, a garota agora é fisiologicamente uma mulher, e mais do que o aspecto fisiológico, desponta na cabeça da garota a consciência de seu desenvolvimento, o que também é evidenciado pelas alterações físicas, emocionais e intelectuais nos ano seguintes.

Longe de ser conhecedor do desenvolvimento feminino ou qualquer coisa do tipo, peguei estes conceitos bem abstratamente e os utilizei como metáfora de uma ideia que surge pequena e acanhadamente, mas que depois de um período de crescimento, torna-se fértil, e indica um futuro bem aventurado. A fertilidade não se resume somente capacidade de procriação, mas sim, a entrada em um novo ciclo onde será criada a personalidade e a individualidade da mulher. É o que esperamos para as nossas cervejas.

Eu e o Fernando terminamos a feitura no dia 29.06, às 19:00hs. E para os próximos dias temos planejados mais dois dias de fermentação a 19/20° e a diminuição progressiva da temperatura, aproximadamente 3 graus por dia até a estabilização à 1/3° durante três dias. A novidade no processo é que não pretendemos purgar o fermento para a maturação, pretendemos parar a atuação do fermento através da diminuição da temperatura, deixando a retirada do fermento somente no momento em que faremos o priming para o envaze. A dica foi do pessoal do Lamas Bier e foi de encontro com algo que eu vinha me questionado, afinal, se o fermento deixa de agir em temperaturas menores, porque retirá-lo para a maturação, correndo o risco de contaminação e oxidação? Vamos ver no que dá.


Sobre o rótulo, não vamos fazer com a xilogravura, mas, embora tenha sido feito no computador, pretendemos manter uma estética mais voltada para a simplicidade, abusando da tipografia e com um visual mais puxado para o artesanal. Como o nome da cerveja, mesmo que simbólico e representativo, carrega um pouco de humor, escolhemos a denominação “blood ale”, que pode servir também como ferramenta de marketing aos apreciadores da Saga Crepúsculo. Se der certo, podemos lançar uma cerveja brilhante e fraquinha chamada Edward Motther Focker Cullen: shining ale ou uma cerveja sem gosto de nada, chamada Bella’s Lip: bite ale, tudo em inglês, para atrair consumidores internacionais.

Bruno Bontempo

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